O presente estudo buscou produzir uma narrativa investigativa acerca das práticas de
escolarização desenvolvidas no Grupo Escolar Frei Caneca, na cidade de Flores da
Cunha/RS, entre os anos 1925 e 1940, considerando as articulações políticas e sociais
do período. O ano de 1925 é marcado pela criação do Grupo Escolar, oriunda da
Emancipação Política de Flores da Cunha (antes Nova Trento), em 1924. Já o ano de
1940, pode ser caracterizado por sua nova construção e nomenclatura, através de
movimentações da Secretaria da Educação do Estado, com cunho nacionalista do
período. Sendo assim, objetivou-se analisar e compreender os processos de
escolarização que permearam o Grupo Escolar, identificando-os e caracterizando as
práticas escolares presentes nas fontes documentais analisadas, tendo como metodologia
aplicada a análise documental, a partir de Livros de Atas, fragmentos de jornais e
fotografias que contemplam o recorte e a temática analisada. Em relação aos
pressupostos teóricos utilizados, estão elencados a História Cultural, fundamentando-se
em Chartier (1990), Pesavento (1998), e a História da Educação, tendo como aporte
estudos de Escolano Benito (2017), Diana Vidal (2006) e Stephanou; Bastos (2005).
Flores da Cunha recebeu seus primeiros imigrantes italianos a partir de 1876. Em 1924,
ocorreu, junto ao Presidente do Estado, pedido emancipatório, em virtude do
desenvolvimento econômico e pelos altos tributos pagos à Sede de Caxias, com retornos
e investimentos mínimos à localidade. Com a emancipação política, em 1924, ocorre
junto à Secretaria da Instrução Pública movimentações para a criação do Grupo
Escolar. Assim, a implantação de um edifício escolar modifica a paisagem local, e
posteriormente gera a vinda de professores. Em 1935, ocorre a alteração do nome de
Nova Trento para Flores da Cunha, em forma de homenagem ao então governador do
Estado do Rio Grande do Sul, José Antônio Flores da Cunha, em virtude das relações de
proximidade com o prefeito municipal Heitor Curra. Em relação ao período analisado
(1925-1940), foi possível identificar a influência nacionalista presente e permeando os
processos de escolarização, de forma especial nas comemorações festivas, ritos, desfiles
e exames. As festividades, marcando diferentes momentos do calendário escolar, se
caracterizam pela presença e enaltecimento de símbolos nacionais, e ordenamento de
corpos, como forma de difundir os ideais políticos republicanos. Sobre os exames
escolares, tornam-se instrumentos para medir conhecimentos e aptidões dos estudantes
em diversos períodos do ano letivo, que se transformam em festas de encerramento.
Sendo assim, esta pesquisa vai além de contar a história de uma instituição escolar,
apresentando-se como produção histórica e memorialista do Grupo Escolar Frei Caneca,
como meio de contribuir para outras pesquisas, de maneira especial aos processos
escolares emergentes em outras localidades.