A presente dissertação tem como foco a escolarização da infância em Mato Grosso, durante os anos de 1930 a 1945. Vincula-se ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e insere-se ao projeto A educação da infância em tempos de ditadura (Brasil-Portugal-Espanha) realizado pelo Grupo de Pesquisa História da Educação e Memória (GEM), coordenado pela professora Dra. Elizabeth Figueiredo de Sá. A infância é concebida neste estudo como uma construção histórica, cultural e social, por meio das relações estabelecidas na sociedade. Durante o período delimitado, o Brasil foi comandado por Getúlio Dorneles Vargas, que buscou associar o ser humano aos princípios do trabalho e da sociedade, cuja formação vislumbrava tornar o cidadão útil à pátria, para fazer parte da sociedade civilizada e moderna que o governo almejava. Ao pesquisar sobre a infância durante este período propõe-se dar visibilidade aos espaços sociais de inserção e conformação das experiências históricas do ser criança. Neste sentido, a questão central que impulsionou a investigação foi: Quais as representações dos governantes e dos intelectuais em Mato Grosso sobre a escolarização da infância no período de 1930-1945? A questão de pesquisa desta dissertação surgiu com o intuito de aprofundar ainda mais na História da Infância e de sua escolarização que permeiam os discursos no Estado e na cidade durante o período delimitado. A pesquisa é embasada na perspectiva da História Cultural, que se desenvolve para dar ênfase nos aspectos permanentes de uma determinada sociedade, mas sempre em busca de ressaltar as micro transformações desta mesma sociedade e considerar os diversos discursos para compreensão da realidade e da História, e irá se basear nos pressupostos teóricos-metodológicos do método qualitativo com abordagem histórica. O conceito de representação será utilizado no desenvolvimento da pesquisa, a partir de um diálogo com Roger Chartier (1990, 1991, 2011), sendo possível perceber que as representações podem dar forma à realidade e que as representações são impostas a partir dos ideais de determinado grupo. As fontes utilizadas foram: jornais, periódicos, relatórios, mensagens, legislações, atas, encontrados na Hemeroteca Digital, no Arquivo Público de Mato Grosso (APMT) e no Acervo do Grupo de Pesquisa História da Educação e Memória (GEM/UFMT), bem como as obras memorialísticas, que ajudam a pensar a cultura da infância em Mato Grosso. O texto apresentado está estruturado em três capítulos. No primeiro, é apresentado um contexto histórico da infância e o cotidiano da criança em Mato Grosso. O segundo capítulo traz o percurso de consolidação do ensino primário em Mato Grosso, além de destacar a criação e expansão das instituições escolares que atendiam as crianças no Estado. Por fim, o terceiro capítulo tem como intuito abordar as representações concorrentes de infância materializadas no perfil das crianças em idade escolar para o acesso às escolas públicas e no currículo implementado para a sua formação. Intelectuais formados por professores, jornalistas, padres, médicos e políticos, apoiavam discursos e movimentos que objetivavam a mudança dos hábitos e comportamentos da sociedade mato-grossense. Nesse sentido, entre os anos de 1930 a 1945 instituições foram criadas para cuidar e orientar a conduta das crianças e suas famílias. As instituições escolares foram os principais alvos para a propagação do que o governo almejava, programas higienistas e manifestações de amor à pátria, faziam parte intensamente do currículo das escolas, pois a educação era vista como uma grande ferramenta para difundir esses princípios. Além disso, autoridades políticas, em seus discursos, expressavam seus anseios por uma sociedade de massa civilizada e preparada para o trabalho.