O objetivo geral deste estudo foi investigar as afecções umbilicais inflamatórias mais frequentes em bezerros neonatos e a sua associação com alterações em órgãos adjacentes como fígado e vesícula urinária, com o auxílio de exames ultrassonográficos, em modo B e Doppler, e exames laboratoriais. Foi realizado estudo com a inclusão inicial de 806 bezerros holandeses (126 machos e 680 fêmeas), provenientes de 16 propriedades leiteiras da região centro-leste do Estado de São Paulo. Estes foram triados semanalmente, do nascimento aos 30 dias de vida, com exames de inspeção e palpação umbilical externa e abdominal, para a detecção de alterações umbilicais inflamatórias, que incluíram a presença de secreção purulenta ou aumento de volume em umbigo externo, sensibilidade durante a palpação de umbigo externo ou abdominal, massas abdominais palpáveis e/ou aumento de calibre de componentes. Foram então triados 52 animais dentre os 806 avaliados (52/806; 6,54%), no qual realizou-se avaliação ultrassonográfica, para confirmação ou exclusão do diagnóstico. Quando confirmado, o animal seria incluído no grupo “casos”, composto por 39 bezerros (39/806, 4,83%) que apresentaram alterações no calibre e aspecto dos vasos umbilicais. As principais doenças encontradas nesse grupo foram as onfalites (26/39; 66,66%), seguidas das onfaloarterites (10/39; 25,64%), onfaloflebite (1/39; 2,56%), onfalouracoarterite (1/39; 2,56%) e panvasculite (1/39; 2,56%). Também foram selecionados 16 bezerros, sem qualquer alteração no exame clínico geral e específico da região umbilical, para formação do grupo “controle”. Nos dois grupos foi realizada a avaliação hepática, em modo B, no qual não foram encontradas alterações em parênquima e aspecto das veias, e Doppler pulsado, no qual foram obtidos o índice de pulsatilidade, a velocidade do pico sistólico e a velocidade diastólica final, das veias porta e cava. O Doppler pulsado revelou diferenças (P=0,001) entre a velocidade do pico sistólico da veia porta no grupo “controle” (48,92 ± 4,37 cm/s) e grupo “caso” (29,2 ± 2,68) (P=0,001). A análise ultrassonográfica de vesícula urinária demonstrou espessamento de parede (0,31 cm) e perda de definição de suas camadas no animal com panvasculite. A atividade sérica da GGT foi maior no grupo “controle” (283,06 U/L ± 105,21) em relação ao grupo “casos” (119,15 U/L ± 22,38) (P=0,03). Concluiu-se que as afecções umbilicais inflamatórias, quando diagnosticadas precocemente, raramente causam complicações, como o acometimento das estruturas adjacentes, sendo o exame ultrassonográfico, em modo B e modo Doppler pulsado, de grande valia para essa avaliação e diagnóstico precoce dessa enfermidade.