Nascimento Filho CA. Controle quimiorreflexo da atividade nervosa simpática em pacientes com doença arterial coronariana com e sem apneia obstrutiva do sono [tese]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2021.
INTRODUÇÃO: O controle quimiorreflexo é um importante mecanismo de regulação das respostas cardiovasculares, autonômicas e ventilatórias. Sabe-se que pacientes com doença arterial coronariana (DAC) apresentam desbalanço simpato-vagal e menor sensibilidade barorreflexa. Contudo, não tem sido documentado se os pacientes com DAC apresentam disfunção no controle quimiorreflexo da atividade nervosa simpática muscular (ANSM) e se a presença da apneia obstrutiva do sono (AOS), uma comorbidade bastante prevalente nesses pacientes, pode potencializar essa disfunção. OBJETIVOS: O objetivo geral do estudo é avaliar o controle quimiorreflexo da ANSM durante a hipóxia e hipercapnia em pacientes com DAC sem e com AOS. Objetivos específicos: 1) Avaliar a resposta da ANSM, frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA), fluxo sanguíneo muscular (FSM) e ventilação minuto (VE) durante a hipóxia e hipercapnia em pacientes com DAC e, 2) Avaliar se a presença da AOS pode potencializar a resposta da ANSM, FC, PA, FSM e VE durante a hipóxia e hipercapnia em pacientes com DAC. MÉTODOS: Vinte e oito pacientes com diagnóstico de DAC sem disfunção ventricular (55±1 anos) e doze indivíduos controle saudáveis (CS) (51±2 anos) com índice de massa corpórea ≤ 30kg/m2 foram selecionados para o estudo. Os pacientes com DAC foram divididos em dois grupos de acordo com o índice de apneia-hipopneia (IAH) apresentado no exame de polissonografia: DAC-AOS (IAH<15 eventos/hora, n=16) e DAC+AOS (IAH≥15 eventos/hora, n=12). A ANSM foi medida pela técnica de microneurografia. O controle quimiorreflexo periférico foi avaliado durante a hipóxia (inalação de 10% de oxigênio e 90% de nitrogênio, com titulação do dióxido de carbono) e o controle quimiorreflexo central foi avaliado durante a hipercapnia (inalação de 7% de dióxido de carbono e 93% de oxigênio). A VE foi registrada pelo pneumotacógrafo, a FC foi registrada através do eletrocardiograma, a PA foi aferida através do método indireto oscilométrico, batimento a batimento. RESULTADOS: A estimulação dos quimiorreceptores periféricos e centrais levou a um aumento significativamente maior da ANSM no grupo DAC quando comparado ao grupo CS (48±1 disparos/min vs. 38±2 disparos/min, P<0,05 e 44±1 disparos/min vs. 32±2 disparos/min, P<0,05, respectivamente). Entretanto, não foi observada diferença significativa no aumento da ANSM entre os grupos sem e com AOS. A FC e a VE aumentaram significativamente e de forma semelhante em ambos os grupos DAC e CS, na hipóxia e hipercapnia e não foi observada diferença significativa entre os grupos. Já a PA aumentou em ambos os grupos DAC e CS apenas na hipercapnia. A presença da AOS não influenciou nas respostas hemodinâmicas e respiratórias. CONCLUSÃO: Os pacientes com DAC, DAC-AOS e DAC+AOS apresentam disfunção no controle quimiorreflexo periférico e central da ANSM e a presença da AOS não potencializou as respostas hemodinâmica, neurovasculares e ventilatórias em pacientes com DAC.