A revelação diagnóstica da infecção pelo HIV para adolescentes e adultos jovens é um processo difícil e de grande carga emocional. O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de revelação diagnóstica do HIV em uma coorte de adolescentes e adultos jovens infectados verticalmente, de 15 a 25 anos, cientes de seus “status” sorológico, relacionadas à variáveis individuais e de rede de relações, em um hospital de referência no Rio de Janeiro, Brasil. Para isso, foi realizado um estudo transversal empregando métodos mistos. O estudo quantitativo utilizou um questionário retrospectivo, onde analisaram-se dados demográficos, revelação diagnóstica / vida pessoal, utilização da terapia antirretroviral combinada (cART), história comportamental e história médica. Utilizou-se da análise de rede para avaliar os relacionamentos entre indivíduos em uma rede social, onde os voluntários entrevistados (Ego) responderam a um questionário para avaliação de dados de seus parceiros sociais (Alters), indivíduos importantes para suas vidas no momento da revelação do diagnóstico. O processo de revelação dos jovens (variável dependente) foi classificado como muito bom / bom e muito ruim/ruim para suas vidas. Na abordagem qualitativa, utilizou-se um roteiro semiestruturado, cujo objetivo era a busca dos significados que os indivíduos atribuem às suas experiências no contexto social e como eles as compreendem. Dos 80 participantes do estudo, 25% relataram uma reação ruim à revelação diagnóstica quando possuíam pelo menos um amigo em sua rede de apoio social (OR: 4,81; IC 95% [1,05-22,07]. Na análise qualitativa, o resultado mostrou que a revelação do diagnóstico foi,
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em geral, feita por um parente próximo, sendo que a maioria afirmou sentirem-se "normais". Contudo, houve referências a sentimentos de rejeição e à vivências de preconceito social. No tocante a adesão à cART, referiram compreender a sua necessidade estrita, principalmente após a revelação do diagnóstico. Como conclusão, observamos que uma má reação à revelação do HIV no momento da revelação diagnóstica, pode estar associada à estrutura inadequada da rede de apoio social do indivíduo. Assim, pacientes submetidos a um processo de revelação progressivo e com suporte social adequado, parecem apresentar uma melhor inclusão social, fato que poderá melhorar a adesão à medicação, atitude essencial para garantir a qualidade de vida.