Atualmente, o maior objetivo das pesquisas relacionadas ao tratamento da dor e afecções
inflamatórias, condições relacionadas a um elevado grau de morbidade e mortalidade na
rotina clínica veterinária, tem sido o desenvolvimento de novas substâncias com maior
eficácia, menor toxicidade e menor custo econômico que os fármacos atualmente disponíveis,
sendo que os compostos extraídos de plantas medicinais, especialmente das plantas
aromáticas, têm despertado notável interesse de pesquisadores, no que tange seus aspectos
químicos e potenciais propriedades farmacológicas. O objetivo do presente estudo foi avaliar
a ação do óleo essencial de folhas de Myrciaria tenella (OETM) na dor e inflamação agudas,
em modelos in vivo, em camundongos da linhagem Swiss, e em cultura celular in vitro, além
da avaliação da citotoxicidade, de forma a aprofundar o conhecimento sobre suas
propriedades, mecanismos e toxicidade. Para os ensaios biológicos in vivo, o OEMT foi
administrado oralmente a camundongos Swiss machos, mostrando ação contra a nocicepção
induzida quimicamente (modelos de contorções abdominais induzidas por ácido acético e
formalina) e contra a nocicepção induzida mecanicamente (modelo de Von Frey), onde a
redução na concentração das citocinas pró-inflamatórias IL-6, TNF-α, IL-1β e de PGE2, além
do aumento da citocina anti-inflamatória IL-10 responderam pelo aumento do limiar
nociceptivo demonstrado pelo OEMT no modelo de Von Frey. OEMT não induziu prejuízo
motor ou sedação nos animais, confirmando sua ação antinociceptiva. O efeito antiinflamatório de OEMT foi verificado pelo seu efeito anti-edematogênico no modelo de edema
de pata induzido por carragenina, mas não no edema induzido por histamina ou serotonina, e
pela redução na produção de IL-6, TNF-α e NO em cultura de macrófagos, além da inibição
da atividade enzimática de ambas as isoformas de COX (COX-1 e COX-2), apresentando
seletividade para COX-1. OEMT não produziu toxicidade em cultura de macrófagos e
fibroblastos. Em síntese, OETM demonstrou efeito anti-inflamatório in vivo e in vitro sobre
diferentes mediadores inflamatórios, respondendo pela sua atividade antinociceptiva, além de
demonstrar segurança em nível celular.