A espermatogênese de morcegos pode sofrer variações conforme as condições do meio no qual estão inseridos, ou pode desenvolver alterações independente desses fatores. Compreender os mecanismos desenvolvidos ao longo da espermatogênese desses animais é fundamental para esclarecer sua dinâmica reprodutiva e gerar subsídios fundamentais para manejo ou conservação, quando necessário. Por tal fato, o estudo analisou as características da sazonalidade sobre a reprodução dos morcegos Artibeus lituratus e Carollia perspicillata, através de parâmetros histomorfométricos, hormonais e imuno-histoquímicos, em uma área urbana no município de Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Conforme os dados meteorológicos, os meses foram agrupados em estação seca (setembro a fevereiro) e estação chuvosa (março a agosto). Foram coletados machos adultos de A. lituratus (n=05) – estação seca (n=04) estação chuvosa –, enquanto que de C. perspicillata foram (n=05) para cada estação. Após serem anestesiados, amostras de sangue foram obtidas para a realização da dosagem hormonal de testosterona, do hormônio luteinizante e do hormônio folículo- estimulante, através do teste de quimioluminescência. Depois da eutanásia, os testículos e epidídimos foram removidos, processados para confecção das lâminas, e assim observados em microscopia óptica. Foi realizada também a marcação de receptores andrógenos e de PCNA. Na estação chuvosa, A. lituratus apresentou um aumento da esteroidogênese, o que foi confirmado pela quantidade de células de Leydig, estimuladas pelo hormônio luteinizante a sintetizar e liberar altas concentrações de testosterona. Nesse mesmo período, foi constatada através da marcação de PCNA a presença de atividade proliferativa, possivelmente de espermatôgonias. Junto a isso células em estágios finais de maturação foram frequentes nesse período. Essa elevada concentração de testosterona nesse período, refletiu no epidídimo, de modo que os diâmetros tubulares e luminais das regiões estavam aumentados, juntamente com o aumento da altura do epitélio na cauda. Isso demonstra que ajustes aconteceram para receber as células reprodutoras masculinas e assim, garantir a maturação e o armazenamento adequado dos espermatozoides.Em C. perspicillata, a esteroidogênese também foi aumentada no periodo chuvoso, enquanto que a espermiogênese foi acentuada na estação seca, processo mediado pela ação conjunta da testosterona e FSH sobre células de Sertoli. Foi observado também que a redução do epitélio na cauda, aconteceu para acomodar uma elevada quantidade de espermatozoides. Esses parâmetros que variaram sazonalmente provavelmente foram ajustados para acentuar mecanismos em períodos mais propícios. No entanto, nas duas espécies, alguns parâmetros não variaram significativamente entre as estações, possivelmente para garantir que a reprodução aconteça em qualquer período no decorrer do ano. E isso foi possível devido à capacidade das espécies se adequarem a ambientes urbanos, os quais através da sua plasticidade alimentar garantiram aporte energético para regular seus gastos e manter suas reservas endógenas, em ambas as estações. Por fim, esses aspectos permitem que o acasalamento, a geração de prole, como também o cuidado parental aconteçam em períodos mais adequados.