Introdução: A psoríase é uma doença autoimune, inflamatória e crônica de pele em que há
uma aceleração do crescimento e proliferação celular, resultando em eritemas e lesões de
formato mal definidos, com colorações brancas e vermelhas e descamação da epiderme. O
metotrexato (MTX) é um dos fármacos para o tratamento de uso sistêmico, mas há diversos
efeitos colaterais. A administração tópica pode ser uma estratégia para vetorizar a liberação
deste fármaco no local de ação, mas como o estrato córneo epidérmico é uma barreira de
permeação de fármacos hidrofílicos, é necessário o desenvolvimento de veículos que
promovam sua penetração na pele. Objetivo: Avaliar o efeito tópico do MTX na psoríase
empregando como veículos sistemas líquido-cristalinos (CLs) e hidrogéis. Método: Estudo do
comportamento de fases pela construção do diagrama ternário de fases combinando
polissorbato 80 (Tween®
80), miristato de isopropila (MIP) e água MiliQ para obtenção de
CLs. Os hidrogéis testados foram baseados em quitosana (HQS), ftalato de
hidroxipropilmetilcelulose (HHPMC) e carbômero alquilado (HCA). As amostras foram
caracterizadas por microscopia de luz polarizada (MLP), reologia oscilatória, análise de
textura (TPA), solubilidade do MTX, obtenção do perfil de liberação, estudos ex vivo de
bioadesão e ensaios in vivo em camundongos com indução da dermatite psoriática.
Resultados: Sistemas contendo tensoativo/óleo/água nas proporções 60/10/30 e 60/20/20
foram caracterizados como fases lamelares (L1 e L2, respectivamente) e 50/10/40 e 50/20/30
como fases hexagonais (H1 e H2, respectivamente). Foi possível solubilizar o MTX na
concentração de 2 mg/mL nos CLs e no hidrogel de HCA (pH=7,4), e 0,1 mg/mL no hidrogel
HQS (pH=3,5) e não solubilizado em HPMCP (pH=4,5). A reologia oscilatória mostrou que
fases hexagonais são mais elásticas que as lamelares, e HCA com comportamento semelhante
às lamelares. O teste de TPA correlacionou com a reologia, porém a bioadesão ex vivo
mostrou melhor interação de HCA com a pele suína em relação aos CLs. O perfil de liberação
mostrou que H1 e H2 retiveram mais o MTX que L1 e L2, devido a sua estrutura mais rígida
e organizada. HCA liberou mais MTX mostrando que a rede polimérica gelificada retém
menos o fármaco.O perfil de liberação ajustado para o modelo matemático de Weibull indicou
que a cinética de liberação é rápida e complexa. Como prova de princípio, os testes in vivo
demonstraram que os CLs promoveram um efeito inflamatório mais exacerbado, porém o
hidrogel de HCA teve eficácia semelhante à dexametasona. Conclusão: Apesar de ainda ser
necessário estudos para entender a toxicidade e segurança dos sistemas, nos testes in vivo em camundongos com dermatite psoriática induzida por imiquimode, a aplicação tópica do MTX
pode ser uma nova abordagem para o tratamento da psoríase com menos efeitos colaterais e
eficácia comprovada.