De maio de 1965 a julho de 1967, Guimarães Rosa publicou pequenos contos no jornal
médico Pulso, do Rio de Janeiro: editado pelo laboratório de Sidney Ross; dirigido pelo
doutor Roberto de Souza Coelho, gerenciado por John S. Kane e Editado por Elísio Valente
que circulou entre médicos do Brasil inteiro. O autor mineiro enviou 56 contos para o Pulso,
dos quais 40 foram republicados, com algumas modificações, em sua derradeira obra
Tutaméia: terceiras estórias (1967). Antes disto, em 1961, no jornal O Globo, o autor mineiro
também contribuiu com 23 textos em uma coluna intitulada Porta de livraria, dos quais, três
foram republicados em sua obra de 1967. Portanto, dos 44 textos da obra Tutaméia, apenas
um fora escrito para a publicação, os demais já haviam sido publicados anteriormente em
periódicos. Dessa forma, esta pesquisa trabalhou com o referencial teórico da Crítica genética
(SALLES, 2008) para fazer uma análise bibliográfica da fonte primária dos contos publicados
no suporte jornal, cedida por meio de commut para este estudo, em pesquisa de campo, ao
acervo do escritor na Universidade de São Paulo (USP) e à Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUC-RS), comparando-os com a sua primeira publicação em livro. O
escopo deste trabalho é reconstituir uma história do texto rosiano em estado nascente no
periódico, buscando encontrar nele os segredos da elaboração da obra Tutaméia em sua
temática amorosa em oito contos, a saber, “Antipleripéia”, “Arroio das antas”, “A vela ao
Diabo”, “Desenredo”, “Esses Lopes”, “João Porém, o criador de perus”, “Palhaço da boca
verde” e “Se eu seria personagem”. Como referencial teórico para esta análise, utilizaremos
também os conceitos de paratexto (GENETTE, 2009), além das discussões críticas de
(COVIZZI, 1978), (MONTAGNA, 2011), (NOVIS, 1989) e (NUNES, 1976).