Esta dissertação, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica – ProfEPT, constitui-se em uma investigação de Mestrado cuja problemática incide em analisar relações de gênero no Instituto Federal Sul-riograndense - IFSul, buscando fomentar formas de atuação perante as desigualdades e violências contra alunas e servidoras do Campus Sapucaia do Sul. Neste estudo, assumimos como escopo de análise a tríade: educação, trabalho e violência contra mulheres, problematizando o papel da escola, em especial dos Institutos Federais, com vistas a uma formação integral no que tange a questões de igualdade de gênero. Trata-se de um tema que assume relevância diante de discursos e práticas que historicamente promovem formas de exclusão e violência contra mulheres. O que, a partir de diferentes e desiguais relações de poder, capilariza-se em diversos âmbitos, inclusive educacionais, sendo a Educação Profissional Tecnológica um espaço propício para a produção e reprodução de desigualdades de gênero, uma vez que aproxima educação, trabalho e tecnologia, áreas socialmente vistas como masculinas. Tal empreendimento ancora-se às interlocuções dos referenciais teóricos sobre Educação Profissional e formação integral (Ciavatta (2008), Frigotto (1988 e 2011), Ramos (2008) e Saviani (1989 e 2007)), gênero e mundo do trabalho (Antunes (1999), Federici (2018 e 2019), Dias (2008), entre outros), e gênero e violência, problematizando o papel da educação, em especial da escola, (Louro (2008, 2012 e 2014), Seffner (2011) e Lins (2016)). A pesquisa foi estruturada em dois eixos: o reconhecimento de leis, diretrizes e documentos organizacionais, de âmbito nacional e institucional, a fim de analisar como se desdobram em ações de combate às desigualdades e violências de gênero no IFSul Campus Sapucaia do Sul, bem como mapeamento e problematização das violências de gênero identificadas na Instituição. Para tanto, a investigação assumiu como procedimentos metodológicos a pesquisa documental em fontes primárias e secundárias, observações participantes e entrevistas semi-estruturadas. A pesquisa permite inferir que as relações desiguais de poder estão presentes nos mais diversos espaços e contextos da Instituição, e materializam-se em forma de assédios, constrangimentos, desqualificação intelectual e não legitimação das lideranças femininas, além de revitimização através da atuação institucional. Tais ponderações foram organizadas a partir das seguintes categorias de análise: gracejos e silenciamentos, (re)produção institucional de violências, e responsabilidade e ações institucionais de enfrentamento. A partir das análises, desenvolveu-se como Produto Educacional um vídeo informativo, que promove a discussão e a reflexão acerca das violências sofridas pelas mulheres nos contextos institucionais, incentivando à denúncia e priorizando o diálogo em detrimento do silêncio. Além disso, a pesquisa evidenciou a urgência na implementação de uma política institucional ampla, efetiva e de longo prazo, que oriente a conduta em situações de violência de gênero. A construção coletiva de diretrizes e protocolos constitui encaminhamento decorrente da pesquisa, compreendendo um esforço no sentido de fortalecer os caminhos e estruturas institucionais já existentes e de criar novos, de acordo com as necessidades observadas.