Já no Segundo Reinado se discutia o aproveitamento do Rio São Francisco no
combate às sucessivas secas do Nordeste. Contudo, essa ideia carecia de
maturidade técnica. Ainda com estudos em andamento, foi elaborado no Governo
Dutra, o Plano Geral para o Aproveitamento Econômico do Vale do São Francisco,
argumentando que obras visando a melhoria na qualidade de vida dos ribeirinhos,
eram inadiáveis. Afim de atingir essa meta, tão urgente quanto desafiadora, o
Governo Federal aprovou o investimento de 1% do PIB nessa empreitada, por vinte
anos. Dessa medida nasceu a CHESF, operando inicialmente em Paulo Afonso,
onde a água represada por suas hidrelétricas, seria teoricamente empregada
também noutros projetos. Contudo, nessa ocasião o Brasil ainda não possuía uma
legislação ambiental forte o suficiente, para adequar os planos à realidade do Velho
Chico, sendo portanto imperativo, que as obras fossem realizadas a despeito dos
atingidos, contrariando inclusive, algumas cláusulas ambientalistas, dispostas nos
empréstimos contratados no exterior. Tais financiamentos viabilizaram o Projeto
Nacional Desenvolvimentista, que por sua vez, pregava vigorosamente o uso da
energia elétrica como condição de existência da sociedade moderna, demonstrando
a fragilidade da matriz energética de um Nordeste agrário, anterior a CHESF. Logo,
a eletricidade gerada pela CHESF, alicerçou o desenvolvimento regional, pois tornou
viáveis, as políticas públicas posteriores, carecidas de energia para implementação
a partir da segunda metade do século XX