O Potássio (K) desempenha um papel importante em diversos processos bioquímicos e
fisiológicos nas plantas, porém as baixas concentrações de K solúvel no solo tornam necessário
o uso de fertilizantes químicos a fim de suprir as necessidades nutricionais das plantas. No
entanto, a produção de fertilizantes de K a partir do processamento químico de rochas potássicas
(RKs) é considerada dispendiosa e pode causar danos ao meio ambiente. Em contrapartida, a
solubilização biológica de RKs tem se mostrado uma estratégia em potencial para obtenção de
biofertilizantes, visando uma agricultura mais sustentável. Nessa estratégia microrganismos são
utilizados para promover a solubilização da RK, quando aplicado ao solo ou a partir de cultivo
microbiano in vitro, sendo a produção de ácidos orgânicos no meio o principal mecanismo de
solubilização deste processo. Nesse âmbito, este trabalho teve como objetivo estudar os
mecanismos de dissolução de rochas potássicas via ácidos orgânicos e o desenvolvimento de
estratégias para aumentar a solubilidade do K presente na RKa partir de solubilização biológica
por cultivo submerso. Este estudo foi realizado utilizando duas RKs modelo, rocha 1
(Yorkshire, Reino Unido) e rocha 2 (Minas Gerais, Brasil). As rochas foram previamente
caracterizadas por Difração de Raios-X, Fluorescência de Raios-X, Microscopia Eletrônica de
Varredura e sua Área Superficial e Tamanho de Partículas médio foram determinados.
Posteriormente, as RKs foram submetidas a ensaios de dissolução por 40 dias em água e
diferentes ácidos orgânicos (cítrico, glucônico e oxálico) para avaliar o efeito destes na
dissolução das rochas. Por fim, foram avaliadas estratégias para a promoção do aumento da
solubilidade de K através da solubilização biológica da RK a partir da ação de microganismos
produtores de ácidos orgânicos via cultivo submerso. Nesse contexto, foi avaliado o potencial
de solubilização de diferentes cepas do fungo filamentoso Aspergillus (A. niger C, A. niger F12,
A. niger 3T5B8 e Aspergillus 763), o efeito da concentração (1%, 2,5%, 5% e 10%) de duas
fontes de carbono (glicose e glicerol) no cultivo, o efeito do pH inicial do meio de cultivo e o
efeito da interação entre microrganismo-rocha para uma melhor compreensão da dinâmica da
solubilização. Por fim, foi realizada um estudo da cinética de solubilização com RK natural e
com a RK após um pré-tratamento de ativação mecânica (moagem), durante 10 dias. A partir
dos resultados obtidos, as fases Polihalita (rocha 1) e K-Feldspato (rocha 2) foram identificadas
na etapa de caracterização apresentando uma ordem de dissolução do K nos ácidos orgânicos
de KCl (controle) > RK Polihalita > RK Feldspato . Os ácidos orgânicos não influenciaram
significativamente na dissolução do K presente na RK Polihalita , em contrapartida influenciaram
na liberação do K da RK Feldspato , bem como na liberação dos demais nutrientes de ambas as
rochas. A RK Polihalita alcançou 100% de dissolução do K em todos os ácidos avaliados enquanto
a RK Feldspato apresentou o maior percentual de dissolução em ácido oxálico (20,05%) após 25
dias. Dada a menor dissolução de K apresentada, a RK Feldspato foi utilizada na etapa de
solubilização biológica por A. niger C em que as variáveis 5% de glicose, pH inicial 4 e cultivo
sem a etapa de pré-cultivo foram as condições de cultivo selecionadas. Além disso, a interação
física entre microrganismo-rocha foi capaz de aumentar cerca de 33% do K solubilizado no
meio em comparação aos ensaios sem a presença do fungo. A cinética de solubilização da
RK Feldspato natural alcançou um máximo de solubilização de 15,87% de K após 3 dias. O pré-
tratamento da RK Feldspato proporcionou um aumento de 35% na solubilidade do K, se comparado
com a RK natural, alcançando já no primeiro dia uma solubilização de 20,66% de K. Esses
resultados evidenciam o efeito potencializador da solubilização biológica na liberação do K
insolúvel presente na RK Feldspato .