O objetivo desta pesquisa é analisar a participação cívica nas discussões e construções de soluções para a Cracolândia da região central da cidade de São Paulo. Visto que os políticos podem ser autônomos, mas identificados com a atividade da comunicação exercida pela imprensa, que é quem controla a opinião pública, investiga-se, assim, se a consubstancialidade (BURKE, 1969) da política e da comunicação consiste em impeditivo à concepção deliberativa (GERSTLÉ, 2005; MATOS e NOBRE, 2006) no processo da Comunicação Política que se dá via imprensa envolvendo a territorialidade. Para tanto, recorre-se a estudo de casos múltiplos, holístico e explanatório (YIN, 2001), consistindo em análise das coberturas dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo em julho, agosto, setembro e outubro de 2012; janeiro, fevereiro, março e abril de 2013; julho, agosto, setembro e outubro de 2016; e janeiro, fevereiro, março e abril de 2017, sobre as ações implantadas para atender usuários e para pôr à territorialidade. Os dados coletados via acervos digitais são secundários e analisados quantitativamente, por meio de estatística descritiva, e qualitativamente, via análise de conteúdo realizada em duas etapas para definição do 1º e do 2º Grupo Amostral e permitindo a interpretação do 3º. Como resultados, a pesquisa apontou a reportagem como gênero principal em textos sobre a Cracolândia, com predominância em períodos pré-eleitorais, totalizando dez ações reportadas em sua maioria com o emprego de fontes oficiais, oficiosas e independentes. Dado o recorte, aferiu-se que há abertura à participação cívica, mas limitada à autoridade e ocorrendo em um momento específico: a decisão do Estado por internação involuntária e as mudanças na política pública municipal de redução de danos. Com esses resultados, visa-se trazer o debate sobre a Cracolândia para o campo da comunicação, bem como contribuir para a construção de novos espaços que contemplem opiniões públicas diversificadas no processo da Comunicação Política.