O controle de Hypothenemus hampei é realizado basicamente com uso de
inseticidas químicos, especialmente aqueles a base de endossulfan, cuja
comercialização será proibida no Brasil a partir de julho de 2013. Diante disso,
outras estratégias devem ser integradas buscando-se o controle desta praga com
menor impacto ao ambiente. Nesse contexto, o fungo Beauveria bassiana destacase
como um dos agentes de controle biológicos mais promissores. Neste estudo,
buscou-se a associação da técnica de impregnação de tecido têxtil com B. bassiana
associado à armadilha contendo a mistura de alcoóis metanol: etanol (1:1 v/v) como
atraentes químicos para H. hampei, visando a auto-inoculação e disseminação do
fungo pelo inseto, consequentemente o seu controle. Inicialmente foi determinado
em laboratório, a virulência de nove isolados de B. bassiana, através da pulverização
de suspensões de 107 conídios.mL-1, diretamente sobre adultos de H. hampei.
Todos os isolados apresentaram baixa virulência ao inseto, com mortalidade máxima
de 38,5%. O isolado ESALQ-PL63 foi escolhido para dar continuidade aos estudos
por possuir registro de comercialização. Posteriormente, sete tecidos têxteis
sintéticos foram avaliados quanto à produção do isolado selecionado sobre sua
superfície em duas condições de luz (fotofase de 0 e 12 horas). O tecido sintético Lã
Sherpa foi selecionado por permitir uma maior produção de conídios nas duas
condições testadas, atingindo até 5,44 × 108 conídios.cm-2. A exposição de H.
hampei ao tecido com o fungo por apenas 5 segundos foi suficiente para causar
88,5% de mortalidade dos insetos. Em área de café sombreado foram conduzidos
dois experimentos para avaliar uma armadilha de auto-inoculação contendo o
patógeno produzido sobre o tecido. Foram usadas duas armadilhas controle, sendo
uma armadilha de auto-inoculação sem fungo e uma armadilha de eficiência
reconhecida (modelo IAPAR). A eficiência de coleta da armadilha de auto-inoculação
com o fungo foi menor do que a armadilha IAPAR, mas esta se mostrou eficiente na
contaminação e mortalidade dos insetos pelo fungo. No primeiro experimento, a
mortalidade confirmada pelo patógeno no último dia de avaliação (151 dias) foi de
64,7%. A viabilidade do patógeno passou de 98,3%, logo após a montagem das
armadilhas, para 86,9% após 65 dias. Após160 dias a viabilidade reduziu para
44,0%. No segundo experimento, a última avaliação foi realizada após 40 dias,
sendo nesta data observada mortalidade confirmada de 89,9% e viabilidade dos
conídios de 78,1%. Em ambos os experimentos a concentração de conídios reduziu
ao longo do tempo. O sistema de auto-inoculação apresentou resultados
promissores, mas sendo necessárias alterações na armadilha para aumentar a
captura de insetos e estudos mais aprofundados para avaliar a capacidade de
disseminação da doença no campo pelos insetos que passaram pela armadilha.