O conhecimento metacognitivo refere-se às informações que o sujeito detém sobre seus
próprios sistemas cognitivos e também sobre a cognição em geral, sendo considerado
como o segmento no qual se armazena o conhecimento do mundo e se compreende o ser
humano como criatura cognitiva. É por meio deste conhecimento que o indivíduo
controla suas condutas de resolução, possibilitando que reconheça e caracterize as
situações problemáticas, e eleja a estratégia de resolução que melhor lhe adequar. O
gerenciamento de impressões, por sua vez, é o processo pelo qual os indivíduos tentam
controlar suas ações com a finalidade de adaptar e moldar as impressões que os outros
constroem a seu respeito. Uma técnica incluída recentemente nesse processo é a falsa
modéstia, composta pela combinação das estratégias humildade, reclamação e se gabar.
Contudo, estudos na área evidenciaram que demonstrar sinceridade na fala é essencial
para a construção de uma imagem positiva. O objetivo principal desta tese de Doutorado
é averiguar evidências da relação entre conhecimento metacognitivo e gerenciamento de
impressões, assim como examinar a falsa modéstia como técnica de auto apresentação:
se seus elementos interferem em seu processo, e, se sim, quais deles. Hipotetiza-se,
primeiramente, que o conhecimento metacognitivo exerce influência direta sobre o
gerenciamento de impressões. A segunda hipótese é que a falsa modéstia é moderada
pelas estratégias que a compõe, as motivações da auto apresentação e a sinceridade e
habilidade de convencer do locutor. Assim, esta tese está dividida em três estudos,
descritos sob o formato de artigos científicos. O primeiro manuscrito teve por objetivo
analisar, por meio de uma revisão sistemática, estudos sobre o gerenciamento de
impressões e a falsa modéstia. Foram obtidas 5 referências, sendo a primeira delas
publicada em 2015. Resultados principais indicaram que a reclamação e o se gabar são
estratégias preferidas pela audiência, quando comparadas à falsa modéstia. O segundo
manuscrito descreveu um estudo piloto, no qual foi desenvolvido um instrumento com o
objetivo de avaliar o conhecimento metacognitivo no gerenciamento de impressões e a
falsa modéstia e seus elementos. Tal instrumento foi avaliado por três juízes
especialistas e aplicado em 12 alunos universitários. Resultados mostraram que o
instrumento é adequado aos construtos que pretende avaliar. Por fim, o terceiro
manuscrito trouxe a reformulação do instrumento a partir das considerações dos
participantes, e a aplicação do questionário em uma amostra representativa do público-
alvo do instrumento. Resultados apontaram que, durante a avaliação do conhecimento
metacognitivo, estratégias do gerenciamento de impressões foram indicadas,
estabelecendo-se, então, relação entre os dois fenômenos. Ainda, o uso da falsa
modéstia, para que tenha sucesso, exige equilíbrio entre os comportamentos humildes e
de se gabar, além da necessidade de convencer o público sobre sua competência.