INTRODUÇAO: A obesidade infantil é uma doença multicausal, na qual pode estar envolvida a
interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. O cortisol e a desregulação do
eixo hipotálamo – hipófise – adrenal (HPA) têm sido associados à obesidade e síndrome metabólica.
OBJETIVO: Avaliar o efeito da atividade física no nível de cortisol em adolescentes com excesso
de peso (sobrepeso/obesidade). MÉTODOS: Ensaio clínico envolvendo 75 adolescentes escolares
com sobrepeso ou obesidade, com idade entre 10 e 16 anos. Foram constituídos dois grupos: um
experimental, que foi submetido à prática de atividade física com auxílio do videogame ativo
associado à gamificação, três vezes por semana, durante 50 minutos por dia, durante oito semanas e
o outro denominado controle, formado para efeitos de comparação. A pesquisa foi desenvolvida em
duas escolas públicas de Campina Grande-PB, no segundo semestre de 2018: uma na qual foi
realizada a intervenção e a outra o controle. Os dados antropométricos (peso, altura, circunferência
abdominal) e o nível de cortisol foram avaliados, nos dois grupos, no início e ao término do
protocolo de atividade física. Os dados sociodemográficos (sexo, idade) e o nível de atividade física
foram obtidos no início do estudo para fins de caracterizar a amostra. Foram considerados os
seguintes valores para o cortisol: baixo os valores entre 0-3,69, normais entre 3,70-16,29 e elevados
acima de 16,30. O estado nutricional foi avaliado através do IMC, sendo adotado o critério de z-
escore da OMS. Para verificação de adiposidade abdominal, foi considerada a relação
circunferência abdominal/estatura sendo considerada alterado o valor maior ou igual a 0,5. A análise
estatística foi realizada no programa no SPSS
versão 22, considerando um nível de significância
de 5% para os testes de hipótese. Foi realizada análise descritiva dos dados e a comparação das
escolas utilizando o teste qui-quadrado. Para avaliação do impacto do protocolo de atividade física
no nível de cortisol e das variáveis de desfecho secundário (IMC e relação circunferência
abdominal/estatura) foi utilizado o teste de t-student pareado ou teste de Wilcoson a depender da
distribuição de normalidade das variáveis através do teste de Skapiro-Wilk. Para medir o impacto da
intervenção nos níveis de cortisol, foram calculadas as diferenças dos níveis cortisol, do valor de z-
escore do IMC, e da relação circunferência abdominal/estatura e estes valores foram colocados em
um modelo de regressão linear simples, tendo como variável dependente a variação do cortisol e as
demais variáveis como independentes, controladas pelo sexo dos adolescentes. RESULTADOS:
Entre os adolescentes avaliados, 54,7 % eram do sexo feminino e 40% eram obesos, 30,7% foram
considerados ativos. A alteração do cortisol mais frequente foi o nível baixo de cortisol (12,0%),
sendo significativamente mais prevalente no grupo da intervenção (p<0,038). Após a intervenção
observou-se o aumento de nível do cortisol no grupo experimental (p<0,001). A atividade física
mostrou-se um fator independente para a elevação do nível de cortisol (p=0.019) aumentando em
2,5 unidades de cortisol após a intervenção nos adolescentes com excesso de peso.
CONCLUSÃO: O protocolo de atividade física, através do uso do videogame ativo, foi capaz de
aumentar o valor do cortisol de adolescentes com sobrepeso/obesidade. Estudos futuros são
necessários para avaliação desse efeito como também para melhor o entendimento do papel do
cortisol sobre a saúde cardiometabólica dos adolescentes com obesidade/sobrepeso.