A pseudociese, também conhecida como pseudogestação é caracterizada como
uma síndrome, em que cadelas não castradas apresentam sinais clássicos de peri e
pós-parto. Os sinais clínicos vão desde alterações comportamentais, perda de
apetite, perda de peso, vômito até o sinal mais evidente que é o aumento das
glândulas mamárias e secreção de leite. A secreção láctea está relacionada com a
redução dos níveis de progesterona plasmática associada ao aumento de prolactina.
A prolactina exerce importante papel nas funções reprodutivas, no entanto, o
excesso dessa substância está associado a alterações na fertilidade tanto em
animais quanto em humanos, pela inibição da kisspeptina, peptídeo essencial para a
reprodução, bloqueando o eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal (HPG). Para o
tratamento farmacológico, as substâncias mais indicadas são os inibidores de
prolactina, agonistas dopaminérgicos, a cabergolina e a bromocriptina. Uma
alternativa terapêutica segura, capaz de reduzir os quadros de hiperprolactinemia
em cadelas pseudogestantes é a vitamina B6 (cloridrato de piridoxina). Tanto os
efeitos da hiperprolactinemia quanto do cloridrato de piridoxina sobre a expressão de
mediadores hormonais no útero ainda é desconhecido. Acredita-se que a
infertilidade causada pela hiperprolactinemia seja, além de origem central, no eixo
HPG, como também de ação periférica, particularmente no útero. Nesse sentido,
objetivou-se avaliar o efeito da hiperprolactinemia e do cloridrato de piridoxina na
expressão de receptores de progesterona, estrógeno, andrógeno, hormônio
tireoidiano, kisspeptina e KISS-1R, através da imunohistoquímica pela técnica da
estreptavidina-biotina-peroxidase no útero de cadelas pseudogestantes. Foram
utilizados fragmentos uterinos de 18 cadelas, divididos em três grupos: 1) controle
não tratado, 2) tratado com cloridrato de piridoxina (50 mg/kg/dia; n=6) e 3) tratado
com cabergolina (5µg/kg/dia; n=6). As cadelas com pseudogestação foram tratadas
por 20 dias, submetidas a cirurgia de ovário-salpingo-histerectomia e os fragmentos
uterinos foram fixados em formaldeído a 10% por 24 horas e depois processados
pela técnica de inclusão em parafina. Avaliou-se a expressão de marcação nas
regiões de epitélio endometrial, glândulas profundas e miométrio. A expressão de
receptores de progesterona é maior em glândula profunda e miométrio nos grupos
tratados (P <0,05). A expressão de receptores de estrógeno e KISS-1R é fraca nas
regiões uterinas em todos grupos estudados (P > 0,05). Percebe-se expressão fraca
ou nula de receptores de andrógeno em glândula profunda e miométrio nos grupos
tratados (P < 0,001), resposta inversa a observada para progesterona. Nota-se
expressão fraca de TRα no grupo tratado com piridoxina em todas as regiões
uterinas (P < 0,001) e expressão fraca de kisspeptina na superfície epitelial no grupo
tratado com cabergolina