A relação entre exercício físico e saúde vem se consolidando nas últimas décadas. Por outro
lado, o consumo de uma dieta obesogênica, em fases iniciais da vida está associado ao
acúmulo de tecido adiposo, disfunção hepática e estresse metabólico. Assim, o objetivo desse
trabalho foi avaliar os efeitos do treinamento físico moderado (TFM) sobre o balanço
oxidativo hepático de ratos jovens submetidos a dieta obesogênica durante períodos
críticos do desenvolvimento. Ratas Wistar prenhas foram divididas em grupo controle (C)
(n=5), que recebeu dieta de biotério Presence® e grupo obesogênico (n=5), que recebeu
dieta obesogênica (OB) (Dieta hiperlipídica (DH) mais a suplementação de leite condensado
(LC)), na gestação e lactação. Ao desmame, os filhotes machos receberam dieta de
biotério e foram subdivididos nos grupos: Controle Não Treinado (CNT) (n=8), Controle
Treinado (CT) (n=8), Obesogênico Não treinado (ONT) (n=8) e Obesogênico Treinado
(OT) (n=8). Aos 30 dias de vida, os grupos OT e CT foram submetidos ao programa de
treinamento físico em esteira, durante 60 min/dia, 5 dias/semana, 4 semanas e a 50% da
capacidade máxima. Aos 60 dias de vida, todos foram eutanasiados. Foram avaliados nas
mães e na prole: consumo alimentar, peso corporal, peso do tecido adiposo abdominal (TAA)
e visceral (TAV), níveis séricos de glicose e colesterol total (Ct). Os níveis de HDL e o teste
oral de tolerância à glicose-TOTG foram feitos apenas nas mães. Também foram avaliados na
prole o peso do fígado, os níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS),
atividade da superóxido dismutase-SOD, Catalase-CAT e glutationa-S-transferease-GST,
níveis de sulfidrilas e o estado REDOX (razão GSH/GSSG). Foram utilizados o teste ‘t’ de
Student ou ANOVA Two way e os resultados expressos em média±EPM considerando
p<0,05. No grupo OB o consumo de LC foi maior na primeira semana de gestação
comparado ao consumo de DH (86,76%, p=0,0306). Em relação as mães foi observado
que o grupo OB apresentou peso maior na gestação (46,50%, p=0,0019) e menor na
lactação (42,05%, p=0,0194), peso maior do TAA (55,89%, p=0,0032) e do TAV (39,37%,
p=0,0106), maiores níveis de glicose (14,85%, p=0,0076), menores níveis de HDL
(6,96%, p=0,0006) e menor tolerância à glicose aos 15 min (34,65%, p=0,0087), 60 min
(24,32%, p=0,0491) e 120 min (12,42%, p=0,0158) em comparação com o grupo
controle. Em relação a prole houve aumento de peso ao nascer (10,08%, p=0,0011) e ao
desmame (18,73%, p<0,0001) no grupo OB comparado ao controle. O consumo total de
ração foi menor no grupo OT comparado ONT (13,45%, p=0,0022). O peso aos 60 dias de vida foi menor nos grupos treinados (OT: 13,94%, p=0,0020; CT: 12,81%, p=0,0094),
assim como o peso do fígado (OT: 8,52%, p=0,0336; CT: 9,70%, p=0,0109) e o peso do TAA
(OT: 9,70%, p=0,0058; CT: 36,45%, p=0,0207) em comparação com os grupos não
treinados. O peso do TAV diminuiu apenas no grupo OT (16,97%, p=0,0169). Os níveis de
TBARS diminuíram nos grupos treinados (OT: 19,21%, p=0,0409; CT (23,86%, p=0,0049).
Houve aumento na atividade da SOD (38,25%, p=0,0042) e GST (16,20% p=0,0472) no
grupo OT comparado com ONT. A atividade da CAT também aumentou nos grupos OT
(21,02%, p= 0,0300) e CT (24,64%, p=0,0240) em comparação com seus controles. Os níveis
de sulfidrilas diminuíram (43,94%, p<0,0001) e os níveis de GSSG aumentaram (62,34%,
p<0,0001) comparado ao grupo CT. A dieta obesogênica materna induziu aumento de peso,
adiposidade corporal e alterações bioquímicas nas mães, refletindo no balanco oxidativo
hepático da prole, no entanto, o TFM foi capaz de reverter muitos desses efeitos
negativos atuando como agente terapêutico não farmacológico.