Produtos que consistem na proteção da ureia vêm sendo desenvolvidos para promover a liberação gradual de nitrogênio, e assim, evitar intoxicação, diminuir as perdas de nitrogênio e melhorar a sincronia entre a liberação dos nutrientes pelos processos digestivos. A monensina pode melhorar a eficiência energética do rúmen e
o uso de nitrogênio, combinada a ureia protegida podem ter um efeito sinérgico. Objetivou-se avaliar a efetividade da proteção da ureia, as vantagens de sua utilização e se existe interação com a monensina, em dieta de bovinos consumindo forragem de baixa qualidade. Oito vacas Nelore fistuladas no rúmen (536 ± 101 kg) consumindo feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu foram divididas aleatoriamente em delineamento quadrado latino 4 x 4 duplo com arranjo fatorial de tratamento com fator fonte de ureia (sem ureia, ureia comum, ureia protegida com polímero ou ureia protegida com lipídio) e fator monensina (sem ou com). Os tratamentos foram
infundidos no rúmen uma vez ao dia. O consumo diário de feno foi medido, o comportamento ingestivo foi avaliado por 24 horas, o líquido ruminal foi coletado logo antes da infusão dos tratamentos e em intervalos de duas horas, até o tempo de 12 horas para ácidos graxos de cadeia curta e 22 horas para nitrogênio amoniacal, o pH ruminal foi monitorado durante 24 horas por probe, a ureia no sangue foi analisada, degradabilidade ruminal in situ da fibra em detergente neutro do feno e do nitrogênio das fontes de ureia foram estimadas usando sacos de náilon, a digestibilidade dos nutrientes foi calculada usando dióxido de titânio como marcador, a taxa de passagem usando óxido de cromo como marcador, a síntese de proteína microbiana por derivados de purina urinários e o balanço de nitrogênio foi calculado. Os dados foram analisados usando o procedimento MIXED do SAS e as médias foram comparadas por contrastes ortogonais. A ureia no sangue foi superior para os tratamentos com ureia em relação ao controle, mas não para ureia comum em relação a protegida devido a limitação na taxa de produção de ureia no fígado. Após a infusão dos tratamentos, a ureia comum promoveu maiores valores de nitrogênio amoniacal no rúmen, em relação a ureia protegida, até o tempo de 8 horas e apenas no tempo de 22 horas os valores de ureia protegida foram maiores. A taxa de degradação ruminal do nitrogênio das ureias protegidas foi alta e incompleta, o que não caracteriza a estabilidade desejada na liberação do nitrogênio. Entretanto, a retenção de nitrogênio foi maior para os tratamentos com ureia protegida, o que sugere menor impacto ambiental. Consumo de feno, degradabilidade da fibra em detergente neutro, digestibilidade, taxa de passagem e síntese de proteína microbiana não foram afetados pelos tratamentos. A monensina não teve efeito nos ácidos graxos de cadeia curta. Para dietas à base de forragem de baixa qualidade, a suplementação pontual de ureia pode gerar períodos com excesso e déficit de nitrogênio, não atingindo a sincronia nutricional desejável. Não foi observada interação entre ureia e monensina,
nas condições deste estudo.