O estudo avaliou os efeitos da criação de beijupirá (Rachycentron canadum) em gaiolas flutuantes instaladas em mar aberto no litoral de Pernambuco sobre a estrutura da comunidade macrozoobentônica, com enfoque em Polychaeta, sendo a primeira avaliação desse tipo realizada no Brasil. A criação de beijupirá foi realizada entre dezembro de 2010 e setembro de 2011. As três coletas foram realizadas nos dias 09 de fevereiro, 09 de agosto e 07 de dezembro de 2011, sendo denominadas inicial, intermediária e final, respectivamente. Foram estabelecidas oito estações de coleta: sete dispostas transversalmente à linha de costa e uma à Sudeste das gaiolas. Temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, nitrogênio total e concentração de clorofila-a na coluna da água próxima ao fundo foram medidos. No sedimento foram determinados granulometria, percentuais de carbonato de cálcio e de carbono, e estrutura da comunidade macrozoobentônica, com ênfase nas famílias de Polychaeta. A direção e a intensidade das correntes foram medidas de 02 de junho a 19 de outubro de 2011. O sedimento foi classificado como cascalho-arenoso, e o teor de carbonato de cálcio atingiu o valor máximo de 71,4%, relacionado à presença de material de origem biodetrítica. As correntes na área da fazenda marinha foram mais intensas em junho e julho, sendo consideradas relativamente altas em comparação às encontradas em outros estudos. As direções predominantes das correntes foram Norte e Nordeste. Os gradientes de variação espacial das variáveis ambientais entre as estações de coleta foram, de forma geral, pouco acentuados. Em relação aos diferentes momentos de coleta, todas as variáveis ambientais apresentaram diferenças significativas, com exceção do teor de carbono no sedimento. As principais diferenças foram registradas entre a coleta inicial e a coleta intermediária e/ou coleta final. Da mesma forma ocorreu com as famílias de Polychaeta. Foram registradas 31 famílias de Polychaeta. As mais abundantes foram Syllidae, Dorvilleidae, Phylodocidae, Paraonidae, Goniadidae, Hesionidae, Pisionidae, Eunicidae e Nereididae. A variabilidade entre estações de amostragem não foi significativa sendo então consideradas repetições temporais da área da fazenda marinha. Diversidade e equitatividade para as famílias decresceram ao longo do tempo, sendo menores nas coletas intermediária e final em relação à inicial. Já a densidade das famílias foi maior nas coletas intermediária e menor na inicial. Os resultados indicaram que a alteração na estrutura da macrofauna bentônica ocorreu apenas de forma temporal, não espacial, e que a provável causa foi o enriquecimento orgânico do sedimento devido aos resíduos de ração e fezes provenientes das gaiolas de criação de beijupirá.