De que maneira a luz tem a capacidade de influenciar, determinar, capturar, vigiar, disciplinar e controlar as opiniões, discursos e práticas dos indivíduos? Nessa pesquisa, buscaremos explicitar as relações entre luz e (bio)política. Consideraremos a luz na sua dimensão midiática — tal como proposto pelo teórico das mídias Sean Cubitt — cuja materialidade não apenas participa da constituição do mundo cognoscível e experimentável, mas também permite processos de mediação entre seres humanos e não humanos, de modo consciente ou inconsciente, individual ou coletivo. A partir disso, ambicionamos tornar visíveis as diversas maneiras pelas quais poderes — religiosos, políticos, econômicos ou científicos — se serviram de mediações da luz como instrumento político e biopolítico nas sociedades soberana, disciplinar e de controle. Desse modo, procuraremos desnaturalizar nossa relação com a luz e reconhecer seu protagonismo a serviço de foto-políticas, termo que propomos para designar algumas instrumentalizações políticas da luz. Seguiremos o método genealógico no intuito de realizar uma cartografia, de modo diagramático, das diversas relações de forças que atravessam a história, tanto dos discursos e saberes sobre a luz quanto das práticas, acontecimentos e materialidades luminosas. Para tal, colocaremos em diálogo a análise de produções discursivas, objetos midiáticos e estudos teóricos que, ao tensionar a relação
entre luz e poder, nos permitem evidenciar efeitos e estratégias mais amplas de controle, domínio e administração positiva dos indivíduos. A pesquisa fundamenta-se principalmente nas obras teóricas de Michel Foucault, Jonathan Crary, Paul Virilio, Guy Debord, Walter Benjamin, Friedrich Kittler, Gilles Deleuze e Marie-José Mondzain.