Introdução: A prevalência do excesso de peso vem crescendo no mundo todo e é considerado um problema de saúde pública. A obesidade é uma doença complexa, poligênica, sendo também afetada por fatores ambientais. A perda de peso é a estratégia primária utilizada para prevenir e tratar a obesidade bem como suas comorbidades. Desta forma, mudanças na alimentação, bem como um dispêndio energético através da prática de exercício físico, surgem como alternativas, além de melhorar a qualidade de vida. Entretanto, um dos fatores que influenciam a preferência e os hábitos alimentares são as variações genéticas, principalmente as do gene TAS2R38 que é responsável pela sensibilidade ao sabor amargo. Estudos relacionam polimorfismos neste gene com desinibição alimentar, além de índice de massa corporal (IMC) mais elevados. A obesidade é também caracterizada por baixo grau de inflamação crônica, devido à secreção de adipocinas, que estimulam a produção hepática de Proteína C Reativa (PCR). Seus níveis podem ser influenciados por fatores ambientais e genéticos, como variações no gene que a codifica (CRP) e nos que exercem influência em sua produção (IL6). Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar polimorfismos em genes associados à preferência alimentar e ao perfil inflamatório em indivíduos sedentários com excesso de peso em resposta ao treinamento físico e orientação nutricional. Metodologia: Foram recrutados 52 indivíduos adultos com IMC25Kg/m2. Foram colhidas amostras sanguíneas e de células da mucosa oral para extração do DNA, a fim de investigar alguns polimorfismos dos genes TAS2R38 (n=48), CRP e IL6 (n=52) através de clivagem com enzima de restrição. Os indivíduos optaram entre dois treinamentos: corrida em piscina funda ou treinamento concorrente, no período de 6 ou 12 semanas, com frequência de 5 ou 3 vezes na semana concomitante com orientação nutricional. 48 horas após a última sessão de exercício foi novamente colhida amostra sanguínea para avaliação de PCR ultrassensível. Resultados: Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis pré e pós-exercício de PCR, IMC e percentual de gordura entre os genótipos. Entretanto, quando comparados os níveis de PCR pré e pós para cada genótipo, foi observado um aumento significativo da mesma, exceto nos genótipos de menor frequência (CRP: +1059GC e GG, -717CC). Além disso, foi encontrada diferença significativa apenas para o IMC pósintervenções em relação ao polimorfismo +785C>T (TAS2R38), no qual os
indivíduos CC possuíam IMC mais elevado (p=0,035). Em relação à frequência de ingesta alimentar, os indivíduos GG para o polimorfismo +145C>G, relataram ingerir frutas e verduras com uma frequência de 1-2 vezes por dia (p=0,009). Os resultados encontrados corroboram com dados da literatura, em que muitos estudos reportaram que estas variações genéticas não influenciam no IMC, apesar das fortes evidências de relação com o comportamento ingestivo. Neste estudo não foi possível verificar redução de PCR, sugerindo que o tempo de protocolo, tipo de treinamento, ou até mesmo a intensidade possam não ser adequados para a modulação nesta população. Conclusão: Todavia, mais estudos que elucidam a influência da genética na modulação destes parâmetros frente a intervenções como treinamento físico e dieta, são de suma importância principalmente em indivíduos com excesso de
massa corporal.