Esta dissertação parte da premissa de que o design gráfico, em conteúdos
editoriais, no jornalismo impresso, é usado como discurso, a estética como
persuasão e a retórica visual para, em conjunto com o texto, ao capturar a atenção
do leitor, reforçar o conteúdo e acrescentar à compreensão dos fatos narrados a
experiência visual. Demonstrou como o design de notícias, a Retórica do design
gráfico e a Semiótica estão presentes no discurso visual do conjunto de páginas
publicadas sobre os 50 anos do Golpe militar de 1964, por O DIA, em 2014.
O conjunto de páginas escolhidas contextualizam a situação social, cultural,
econômica e política do Brasil nos momentos que antecederam e sucederam o
golpe militar de 1964. As páginas foram publicadas dentro dos primeiros cadernos
do jornal, de 13 de março de 2014 a 05 de abril de 2014, narrando a conjuntura e o
encadeamento dos fatos que envolveram o Golpe e suas repercussões 50 anos
depois. Adotou-se uma estética no projeto gráfico, diferente da em uso no jornal,
usando os elementos do design como ferramentas de retórica e semiótica.
Os manuais de jornalismo recomendam demonstrar neutralidade e isenção,
mas, no conteúdo editorial, o veículo busca se posicionar. Resgatou-se,
esteticamente, as experiências gráficas do período de tempo dos fatos narrados,
com formas diferentes do usual para o leitor navegar pelas páginas do impresso.
Usou-se como referencial teórico a proposta de Licínio de Almeida
Junior, Conjecturas para uma Retórica do Design [Gráfico], fundamentado na
Nova Retórica, de Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, em estudos de
Hanno Ehses e Gui Bonsiepe sobre design como linguagem, de Bárbara Emanuel
sobre A Retórica no design gráfico, na Semiótica de Charles Sanders Peirce, e na
tese de Ary Moraes, O design de notícias, um estudo de casos múltiplos, sobre o
papel do design na dinâmica do jornalismo impresso no final do século XX.