Plano Acadêmico:
A criação do Curso de Graduação em Estatística, Bacharelado, pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME) da UFG ocorreu em 2009, quando do ingresso da primeira turma. Da sua criação ao atual momento, hoje o IME/UFG conta com um quadro de 82 docentes efetivos, sendo que a grande maioria (83% do quadro atual) atua diretamente em áreas específicas como Álgebra, Geometria, Análise, Sistemas Dinâmicos, dentre outros, e apenas um quantitativo bem pequeno desse grupo de docentes (atualmente totalizando 15 professores) possuem títulos de Mestre/Doutor nas áreas de Probabilidade e Estatística. Este pequeno grupo vinculado ao IME/UFG responde atualmente por todas as atividades relacionadas à área de Estatística no âmbito da Pesquisa, do Ensino e da Extensão. Estes foram contratados exclusivamente para atender o curso de graduação em Estatística e contribuir para suprir a carência de profissionais na área de Estatística na Universidade e no Estado de Goiás e, adicionalmente, implantar cursos de Pós-graduação na área de Estatística, cujo cenário hoje é de extrema carência em toda a região Centro-Oeste. Atualmente, somente a UnB no DF oferece um curso de Pós-graduação em Estatística, em nível de Mestrado, com conceito 4 pela Capes. Devido às até então dificuldades em se contratar somente docentes doutores na área de Probabilidade e Estatística devido ao déficit desses profissionais no Brasil de um modo geral, alguns se efetivaram tendo apenas o título de Mestre ou já cursando o curso de Doutorado. A grande minoria foi contratada para o quadro já munido do título de Doutor. Até há pouco tempo atrás, a legislação infelizmente não permitia a licença para aprimoramento de docentes em estágio probatório (até então só era possível a licença após 4 anos de trabalho efetivo na Instituição) e, esse motivo, dificultou ou mesmo inviabilizou alguns dos docentes a concluírem seus cursos de Doutorado fora do Estado, ou mesmo se licenciar para tal fim.
A maioria dos programas de Doutorado em Estatística do país está concentrada no eixo sul sudeste,sendo o número de doutores em Estatística ainda extremamente deficiente no Brasil. Hoje, conforme o Portal Capes, apenas seis Instituições Brasileiras oferecem um curso de Pós-graduação em Estatística no Brasil, nível Doutorado com conceito no mínimo 4: USP, UNICAMP, UFRJ, UFMG, UFSCAR e UFPE. As dimensões continentais do Brasil, e suas peculiaridades regionais, exigem uma distribuição mais uniforme de programas de pós-graduação, favorecendo um sistema de pesquisa mais eficiente, que atenda as diferenças e garanta a integração das competências já consolidadas com aquelas emergentes. Dadas as necessidades regionais, faz-se necessário um esforço cooperativo para superar essa lacuna, para ampliar as possibilidades de qualificação profissional e as contribuições científicas e tecnológicas advindas da formação de recursos humanos.
Além das dificuldades geográficas e de deslocamento para cursar o Doutorado em Estatística, além do alto padrão de custo de vida dos locais que oferecem o Doutorado em Estatística, hoje a atual demanda de docentes da área de Probabilidade e Estatística do IME/UFG que não tem o título de Doutor em Estatística dependem das quotas de licenças para aprimoramento que o Instituto dispõe para liberação do mesmo para cursar o doutorado, fazendo jus ao regimento interno. Adicionalmente a essa questão, é preciso levar em consideração o atual cenário econômico brasileiro que culminou em uma redução significativa na oferta de bolsas de estudos, auxílio este fundamental para garantir o custeio das despesas essenciais para a manutenção e permanência do pós-graduando fora do seu Estado de origem. Apesar de um afastamento legal para capacitação garantir o recebimento do salário do docente, é fato que muitas das despesas além das que já lhe são impostas mensalmente acarretam com certeza dificuldades financeiras que podem inviabilizar sua permanência fora do seu Estado de origem, assim como a de qualquer outro discente, comprometendo todo o processo para finalização do curso e, consequentemente, obtenção do título em questão.
Tais fatos proporcionam nesse sentido consideráveis obstáculos em busca do aperfeiçoamento contínuo exigido pelo MEC desse grupo de docentes da UFG em nível de doutorado na área de Estatística, que por sua vez contribui fortemente a suprir uma necessidade iminente na região, em particular, no Estado de Goiás, com impacto direto sobre todos os níveis de ensino. Estes impactos estão diretamente ligados com a qualidade da formação de nossos bacharéis em estatística e graduandos e pós-graduandos de demais cursos que necessitam de conhecimento básico em Probabilidade e Estatística. Além disso, com a criação de um Programa de Pós-Graduação em Estatística na UFG em nível de mestrado, em um curto prazo, e em nível de doutorado, em médio prazo, será possível qualificar profissionais que trabalham com Estatística, como por exemplo, profissionais que atuam no mercado de trabalho com Estatística e também professores da rede básica de ensino, atendendo uma demanda de capacitação não somente na área de Estatística, mas também de áreas afins como Matemática, Biologia, Economia, Engenharias, Informática, etc. Nesse sentido, uma proposta de Doutorado Interinstitucional que contemple um grupo de docentes comprometidos com a pesquisa continuada em diversas áreas do conhecimento, tendo como balizador a Estatística, ferramenta essencial para o rigor científico, é imperativo para a inclusão científica definitiva dentro e fora de nossa Instituição. Adicionalmente, a modalidade DINTER propicia os estudos sem afastamento, o que acarreta menos prejuízos acadêmicos à instituição de origem e constitui uma oportunidade ímpar para a realização de estudos de pós- graduação eliminando assim um dos entraves para o processo de integração entre o desenvolvimento científico e tecnológico. Além, é claro, do estímulo e incentivo em busca de um possível Pós-Doutoramento na sequência do Doutorado, visando à continuidade e um aprimoramento ainda maior obtido no período de doutoramento, uma vez que, pelo regimento, caso o docente se licencia para o Doutorado em um período de quatro anos, por exemplo, ele só poderá se afastar novamente para aprimoramento após o mesmo período efetivado dentro da Instituição.
Em suma, a proposta atual de implantação do programa de DINTER visa superar estes impedimentos legais, dando oportunidade aos docentes mestres do Instituto de Matemática e Estatística da UFG de darem continuidade à sua formação acadêmica, e desenvolver ainda mais sua capacidade de pesquisa, ensino e extensão e, assim, atender as necessidades prementes de pesquisa e desenvolvimento do Estado de Goiás. Este programa também promoverá a cooperação científica entre docentes do IME/UFG e docentes da Pós-Graduação em Estatística da UFMG, estabelecendo parcerias de pesquisa para o longo prazo.
Para atingir os objetivos acima expostos, pretende-se utilizar a competência do programa de Pós-Graduação em Estatística da UFMG, programa reconhecido e muito bem estruturado e com experiência acumulada na formação de doutores, para continuar a formação de uma turma de docentes do Instituto de Matemática e Estatística da UFG, nos termos do DINTER proposto pela CAPES.
É importante ressaltar que a situação geográfica das duas Universidades favorece e reduz substancialmente os custos para o imprescindível atendimento do requisito de estágio obrigatório dos alunos no Programa Promotor e facilita o intercâmbio frequente de docentes e discentes. Na ausência do professor da disciplina em trânsito, a Instituição Receptora conta com professores Pós-Doutores em Estatística, doutores e Pós-doutores em Matemática nas mais diversas áreas de pesquisa (probabilidade, sistemas dinâmicos, análise, otimização, álgebra, geometria), além de doutores em Estatística e Experimentação Agronômica e Demografia no seu corpo docente, que poderão auxiliar quando possível no acompanhamento de atividades, listas de exercícios, projetos e trabalhos relacionados às disciplinas lecionadas naquele momento, contribuindo com o sequenciamento da qualidade do trabalho de aluno e professor.
A Instituição Receptora, no caso a UFG, se compromete a proporcionar ambiente adequado para o desenvolvimento do curso, salas de aula, laboratório de informática, biblioteca especializada, bem como fornecer todas as condições que se façam necessárias para o bom desempenho e alta qualidade do Programa.
Nesse contexto, a participação no DINTER possibilita o cumprimento das metas previstas no IME/UFG de tornar todo o seu quadro de docentes efetivos Doutores a curto/médio prazo, sem prejudicar as atividades de ensino da instituição, ou seja, sem a necessidade de afastamento integral de um número expressivo de docentes. A formação dos docentes em nível de doutorado possibilitará a ampliação do aprendizado, com a construção do conhecimento, e o desenvolvimento também da capacidade crítica, ética e de metodologia científica dos discentes.
Espera-se que, da mesma maneira que ocorre no curso regular na UFMG, as pesquisas realizadas via DINTER contribuam para o desenvolvimento de técnicas, modelos e processos que efetivamente proporcionem progressos para a ciência Estatística e produzam tecnologias prontamente aplicáveis na Estatística nacional.